
Sumário
Esta publicação se estrutura em três partes essenciais para a compreensão e materialização da obra: Parte 1: Fundamentação e Estrutura Introdução ("Ignitus Primus"): Apresenta a obra como performance politizada e urgente, transformando a rua em um quilombo efêmero e estabelecendo um pacto socioambiental. Ação Yékit ("Yékit Actus"): Define a "Ação Yékit" como alternativa ética à "ação humana" colonial, focada na insurreição epistêmica e na cura ancestral. Personagens ("Yékit Personae"): Explora o conceito de Multi-Papel, manifestando arquétipos como Narradora-Griot, Coro das Parditudes, Yékitbuk, Tereza-Mulher Sol, Lítio e O Estado/Necropoder. Espaço Cênico ("Yékit Locus"): Concebe a Arena Circular ("Ágora do Fim do Mundo") com Três Anéis Concêntricos, guiada pela "Bússola do Oykos" e "Astrolábio Yékitbuk". Encenação ("Guia Cênico Yékit Quilombista"): Descreve a metodologia Quilombista Amefricana em uma Espiral Ritualística, com pré-espetáculo, atos e entre-atos participativos, além de diretrizes musicais. Acessibilidade ("Radical Acessibilidade Yékit"): Apresenta a acessibilidade como pilar ético-político ("Quilombismo da Super-Acessibilidade"), integrando estratégias comunicacionais, físicas e sensoriais. Parte 2: Texto Dramatúrgico e Âncora do Cosmos Esta seção detalha o texto completo da peça "Ignitus Yékit Actus", incluindo indicações cênicas, falas e canções. Complementada pela "Âncora do Cosmos", oferece um guia prático com resumo, descrição de personagens, notas de direção, elementos rituais, canções, considerações técnicas e biografia do autor. Parte 3: Yékit Tríade - Fundamentos do Processo Criativo Esta parte articula o processo criativo e filosófico da obra através da tríade conceitual YÉKITBUK, YÉKITÓPERA e YÉKITACESSO, que formam seu alicerce teórico e prático. YÉKITBUK: O texto-matriz que aprofunda conceitos como Yékit-Revo-Luta, Oykos e Lítio-Deidadefóssil, criticando a colonialidade ambiental. YÉKITÓPERA: Detalha a estrutura cênica em espiral, elementos participativos, sonoridade, tecnologia e a complexidade das personagens simbólicas. YÉKITACESSO: Aborda a "super-acessibilidade quilombista", integrando inovações como Libras Performática, Audiodescrição Expandida e Legendagem Criativa como elementos poéticos intrínsecos.
A Obra Dramatúrgica
PARDOS PAPÉIS Uma Yékit Ópera de Rua Ricardo Targino Livremente adaptada do Yékitbuk, ficção especulativa de sua autoria. Ópera polular Teatro de rua, circular, imersivo e participativo. Duração Estimada 120 minutos.
O Conceito Central da Obra
Pardos Papéis é uma resposta contracolonial e anticapitalista e à crise multidimensional, intersistêmica e pluriversal que vem caracterizado o Século XXI até aqui. Às complexidades identitárias, oferecemos a mestiçagem como resposta orgânica, afinal as negritudes, parditudes e pretitudes , carregam indistintamente ancestralidade comum do ventre indígena, que mesmo após a invasão e por mais de três séculos pariu todos os brasileiros natos. Nascemos da violência racial, para extinguir a própria ideia de raça. No cerne do colonialismo o que há é racismo. Foi ele que alicerçou e estruturou este mundo imerso na crise sem precedentes e que encontra na emergência climática sua máxima ameaça existencial concreta. Contra o racismo estrutural, a mestiçagem é arma secreta. A população mestiça, multirraccial e majoritária na sociedade brasileira torna o Brasil uma nação condenada ao antirracismo capaz de iluminar o mundo pós-racial, se formos capazes de contornar as crises e ultrapassar em segurança sua expressão climática. Também para esta missão, o mundo mestiço e periférico é central. A potência política da mestiçagem é a desconstrução das bases racistas do mundo e dessa consciência nasce o sistema filosófico Yékit (os papéis sendo rasgados prefiguram a descontrução das bases racistas do mundo colonial responsável pela extinção da sustentabilidade na Terra, pelas perdas de diversidade cultural e biodiversidade produzidas pelo aliciamento de todos os povos da Terra para o necromercado. É por isso que erguemos, nas ruas, a insubmissão ancestral e futurista de nossos corpos dançantes, mestiços e orgulhosos do pardo papel que nos cabe: a destruição total dos necropoderes eivados de racismo colonial.
O Método Vivo
A ópera PARDOS PAPÉIS é um projeto artístico-político que coloca o corpo mestiço no centro da cena e da resistência ao racismo. Seus pilares conceituais são o Quilombismo de Abdias Nascimento, a Amefricanidade de Lélia Gonzalez, o Teatro Dionisíaco de Zé Celso. Seu território matriz, o Vale do Jequitinhonha, é o epicentro da crise climática e cenário da necromineração do fim do mundo. O Método Vivo desta dramaturgia é o processo dinâmico e flexível de adaptar a obra ao território, e neste processo tonar mais resilientes as periferias globais e zonas de sacrifício do capitalismo em sua fase de necrose climática e exaustão sócioambiental. Pontos Essenciais para Mediação Territorial: Originalidade: Adapte o "Quilombismo Teatral Amefricano" à realidade local. Relevância: Ajuste temas como racismo e crise climática à conjuntura social e ambiental específica. Impacto: Amplifique conflitos e potências locais através da performance. Diálogo: Homenageie Zé Celso e outros referentes teatrais inspiradores. Formato: Adapte a "ópera-ritual de rua" ao contexto urbano ou rural. Ancoragem: Mantenha o território da apresentação como foco prioritário. Desafios e Atualizações Cruciais: Coerência: Fusão orgânica entre Quilombismo, Amefricanidade e perspectiva indígena. Articulação: Mantenha a antropofagia cultural de Zé Celso, recriando elementos locais. Equilíbrio: Balanceie denúncia de injustiças com celebração da resistência. Integração: Incorpore e atualize dados sobre impactos climáticos e sociais. Representação: Inclua artistas e narrativas locais. Musicalidade: Reflita a diversidade musical local. Participação: Garanta clareza nas instruções e habilidade dos facilitadores. A "Bússola do Oykos" conecta elementos naturais e culturais às problemáticas. O êxito da ópera depende de pesquisa territorial aprofundada, sensibilidade cultural e atualização constante de dados. Assim, a performance "ilumina" e promove transformação social.
Um ritual que funde o ancestral e o futurista, onde cosmogonias não-ocidentais e potências revolucionárias convergem em renovação.

A obra aborda a complexidade racial brasileira, o racismo estrutral e ambiental, a crise climática, ancestralidade e colonialidade, buscando o do-in energético, nos pontos vitais do território.

"Não somos humanos, somos yékits!" A categoria "humano", tal como concebida pela modernidade ocidental, é uma construção colonial. Ela foi historicamente utilizada para justificar a aniquilação de outras espécies e a exploração do mundo, carregando sombras colonizadoras e servindo como instrumento de segregação e hierarquização. Na condição Yékit, reinventamos nossa relação com o tempo, o espaço e a matéria, descolonizando pensamentos e a própria experiência sensorial. Abrimos, assim, portais para modos de ser e existir que foram sistematicamente negados e oprimidos pela modernidade ocidental.Humanos São Eles: os arquitetos e perpetuadores do Colonialismo, da Escravidão e da "Invenção da Natureza" como algo a ser dominado.Nós Não Somos Humanos Porque Não Queremos Ser Iguais a Eles do Colonialismo, da Escravidão e da "Invenção da Natureza"


Sistema multidimensional que mapeia realidades e orienta ações transformadoras, articulando plataformas em uma arquitetura com quatro componentes interconectados: núcleo central, interfaces adaptativas, rede colaborativa e instrumentos de mobilização.
AS PERSPECTIVAS DA ACESSIBILIDADEA obra nos convoca a sermos faíscas de transmutação social, cultural e política, mantendo viva a chama revolucionária.
"A faísca desperta a chama que gera o fogo de alume, que tal qual o mato, volta sempre a crescer."